sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Andrew Wyeth


O post do dia 04, fazia uma homenagem ao quadro O Mundo de Christina. A pintura, Christina's World, do americano Andrew Wyeth (1917-2009), retratava a prima do artista, Christina Olson, vítima de poliomielite, que tinha de se arrastar por todo o terreno em que vivia para colher os frutos de seu jardim. Tema de uma série de pinturas de Wyeth, Christina vivia em Cushing, Maine. Sua casa, que continua de pé, hoje é conhecida como a Casa de Olson.
Curiosamente, Wyeth não usou Christina como modelo para seu quadro, mas sim sua esposa, Betsy.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Reta final...


... da primeira parte. Após essa página, teremos mais duas que darão por encerrada a primeira forma de leitura de Pássaros Artificiais. A ela, se seguirão outras dezesseis páginas, criando uma segunda forma de leitura e abrindo margens para a principal. Lembrando que já é possível, aos leitores mais imaginativos, criarem sua própria tecitura narrativa.
Ah, esta é a primeira página inédita publicada aqui. Todas as outras haviam sido publicado no A Voz da Serra Light, que deixou de exibir a nossa história em suas páginas, depois que me desliguei do jornal.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

intermission



Chegamos num ponto em que os intervalos entre as páginas terão de ser um pouco maiores, porque alcançamos o ponto de publicação n'A Voz da Serra (que cessou de publicar a hq, desde que encerrei minha participação lá pela redação do jornal). Por isso, segue uma página em seus estágios iniciais, com a arte do Antonio e parte do roteiro da hq referente a mesma.
Continuem nos acompanhando.

Pássaros artificiais
Página 5 (28/5) / 3 linhas

Painel 1:
Cristina e Tadito mexendo nas coisas de Antonio Izabel. O quarto tem folhas, livros, discos, revistas e pedaços de papel espalhados por todos os lados.
Cristina está em segundo plano, agachada próxima a porta – uma porta que dá para um corredor escuro, com mais pilhas e pilhas de papel pelo caminho. Tadito se encontra em primeiro plano, levantando uma pequena pilha de papéis que se encontra sobre uma pilha de discos. Há um envelope ali.

Cristina:
Não venho aqui desde que saí de casa, uns anos atrás.

Cristina (mesmo balão):
Meu avô tinha lançado aquele livro “Just let the baby die (in your head)”.

Cristina:
Minha mãe tinha acabado de perder um bebê.

Painel 2:
Flash back. Vemos a coisa por baixo, como que dos/pelos olhos de uma criança (no caso, os olhos de Cristina). A imagem é deformada – a mãe de Cristina e seu avô, Antonio Izabel. A visão dos dois é uma lembrança distorcida, onde eles berram um com o outro, incompletos, odiando-se (sei que você saberá o que quero dizer).

Quadro de texto:
“Ela achou que foi muita crueldade da parte dele.”

Painel 3:
Cristina segurando uma cópia de “Quando Teresa brigou com Deus” de Alejandro Jodorowsky. Tadito se aproxima dela com o envelope nas mãos.

Cristina:
Pra mim, ele nem sabia que ela estava grávida, antes.

Tadito:
Aqui.

Painel 4:
Cristina colocando o livro sobre a mesa, enquanto pega o envelope das mãos de Tadito.

Tadito:
Isto é seu.

Painel 5:
Cristina tirando três folhas de dentro do envelope.


Cristina:
É o...?

Tadito:
Testamento dele. Pode-se dizer que sim. Ao menos, interpretei dessa forma. É o mais próximo de um presente que seu avô conseguiria deixar.

Painel 6:
Cristina lendo o papel.
Tadito está se sentando sobre uma mesa (seu ombro esbarra num monte de folhas que cede para o lado, caindo no chão).

Cristina:
“Para os meus...”

Tadito:
É como ele falava de vocês.

Agora se segue uma seqüência de painéis onde Tadito se movimenta tentando pegar as folhas, enquanto fala (a próxima linha de diálogo de Tadito será dividida entre os painéis que você achar necessário para fazer essa seqüência).
O caso é que no final, Tadito estará de quatro, no chão, com as folhas espalhadas ao seu redor.

Tadito:
Ele chamava a família dele dessa forma.
Os amigos ele chamava de “Os Nossos”.
Daí, quando li, sabia que era pra vocês.
É o testamento dele pra vocês.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

As frestas do tempo


Pássaros Artificiais, me parece, está sendo uma história difícil de ser digerida por uma boa parcela das pessoas que se aventuram a lê-la. Com exceção de páginas como a em que os personagens aparecem fazendo sexo, ou a do episódio do bebê morto, as reações obtidas, quase sempre, tem sido de desentendimento quanto ao que a história pretende contar. Sinceramente, não entendo tantas interrogações.
A história, admito, não se propõe a fácil digestão. No entanto, isso é muito mais pelo seu tema principal, que é, por sua vez, muito simples: avô morre, garota volta pra casa e tem de lidar com todas as coisas ruins do seu passado, enquanto lida com as dores do presente.
Tem muito filme da Sessão da Tarde e do Super Cine que trazem temáticas semelhantes e todo mundo assiste até o fim, mesmo que seja para dizer que é uma porcaria de história. E, talvez, seja mesmo.
Tenho como protagonistas desta história, pessoas ordinárias, sem nada demais, sem grandes atrativos que não o de estarem vivos, lidando com todas as complexas afeições e degenerativas cargas emocionais que todos nós trazemos. Se há algo de fantástico, espetacular, mágico na trama, ela está no fato de que o tempo, para os personagens, é mutável, não só pelos desvãos de suas memórias, mas pela vontade do leitor, que os conduz através do espaço-tempo de acordo com sua vontade.
É isso, meus amigos. Enquanto olharem as páginas numa velocidade pusilânime, tudo o que terão são personagens emaranhados em cenas, quando devem tratá-los como criaturas passíveis de mudanças. Entendam isso: o poder é de vocês. Caminhem como quiserem, entendam o que quiser. Basta que criem algo mais que as dificuldades do espaço e do tempo, retirem esses véus limitadores que lhes prendem.
E leiam a história, e todas as histórias, com os olhos de um deus novo e com ouro correndo nas veias.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Uma passagem relevante


Vômitos, mensagens cifradas, idéias que vêm e vão... A essa altura, muito já me foi acusado em relação a essa história. De que ela não teria sentido, principalmente. Julgo que tem. Que da forma doentia em que as imagens e informações são aspergidas sobre o leitor, uma trama se delineia, com as complexidades de um quebra-cabeça que clama por ser montado, que se rasga, perverte, confabula, para lá e para cá, na cabeça do público-leitor-desenhista-escritor, todos encafifados, olhando com curiosidade onde é que isso tudo vai dar.
Sobre essa página, mágica na minha opinião, encontramos um feitiço de mudança, um sigilo mágico que não se assemelha ao da anterior, repleto de recortes, embebida em álcool, rancor e necessidade (algo visto em toda a história). Mas há um caminho por aí, posso jurar. Para o bem ou para o mal.
O vômito também é limpeza.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O mundo de Cristina


quede as flores e os mingaus?
É de se esperar uma vida agradável no campo, principalmente a essa altura, em que agradável é sinônimo de arrastar-se pela grama, cada vez mais conhecida, grama minha, buscar o escapável pôr-do-sol, perder-me entre as raízes, conhecendo a grama de todo o quintal, observando-a crescer, bulbo por bulbo através dos buracos da terra que deforma minha forma já disforme, molda-me à resistência daqueles que sofreram e sofrem, faz de mim a santa que não sou aos olhos dos outros – pintam-me, imortalizam minha dor sem conhecê-la e pensam compreende-la como quem compreende que o desejo que brota é infeliz porque se distancia do outro desejo de outrem que sentindo-se mal amado, despeja cores numa tela até expurgar toda a maldição, espalhando-a (a dor) aos quatro ventos, torcendo para que se vá, se vá, enfim. E mal consegue distinguir-se da pintura, agora, perde-se calmamente, com uma falsa serenidade, outro desejo a explodir, toda a dor a se derramar – o não querer ó, o não amar, o se perder, cavando o que não se conhece, porque não está lá, não está lá, não é capaz de sujar as mãos de terra, não pode verificar sob as unhas e ver toda a história toda a casca, toda a maçã mordida – a maçã que contém todo o cosmos, vinda da árvore gêmea. Conhecimento e vida destacavam-se, proibidas no paraíso.
Arrasto-me sobre a grama, sem imaginar-me velha, apenas conhecendo o instante arrasto-me, conhecendo a grama que me deforma, que me forma, que me faz viva.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Da teoria da flor de lótus



Ando incrivelmente sem tempo de escrever por aqui, mas permaneço fiel às atualizações. Fica o papo de que a arte do Antonio é sempre muito bacana.